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Tempo de permanência de contêineres subiu nos últimos meses, constatam agentes

O tempo de permanência média do contêiner no pátio (dwell time) tem subido nos últimos meses, em razão principalmente dos congestionamentos em portos dos Estados Unidos e da Europa. A DP World Santos estima índice médio de até 50% de navios que chegam fora da janela de atracação nos terminais de Santos. O presidente da operadora, Fabio Siccherino, disse que até a pandemia os navios conseguiam chegar dentro das janelas. O cenário, no entanto, se inverteu e muitos navios de longo curso têm chegado com atrasos à costa brasileira, impactando o tempo em que as cargas ficam represadas nos pátios.

Ele explicou que se um terminal recebe as cargas para exportação e o navio não chegou ao porto no tempo programado, pode ocorrer, por exemplo, de chegar outro navio de importação, que descarregará a carga, ao mesmo tempo que o gate poderá ser aberto para outro navio de exportação que estiver a caminho e necessitar depositar sua carga. Esses desencontros, muitas vezes, congestionam a retroárea e reduzem a capacidade de movimentação do terminal.

O presidente da DP World Santos salientou que o aumento do dwell time não tem relação com dificuldades para nacionalizar contêineres de importação. Siccherino disse que isso tem acontecido porque a carga chega em quantidades mais concentradas e porque alguns importadores, muitas vezes, não possuem capacidade para receber todo o lote de maneira rápida e armazená-lo em suas próprias instalações.

“O uso do terminal portuário ou de outras áreas como armazenagem intermediária faz com que aumente esse tempo médio, reduzindo a capacidade do terminal, que foi feito para carregar e descarregar com eficiência”, ressaltou o executivo, na última terça-feira (22), durante o webinar ‘A Visão da DP World sobre o Porto de Santos Concentrador de Contêineres’, promovido pelo Comitê de Usuários dos Portos e Aeroportos do Estado de São Paulo (Comus) da Associação Comercial de São Paulo.

Na ocasião, Siccherino ponderou que essas questões reforçam a importância de sistemas Duimp (Declaração Única de Importação) e OEA (Operador Econômico Autorizado), que facilitam o processo de nacionalização de cargas e ajudam a disponibilizar a carga para o importador de maneira mais rápida. O executivo observa uma série de melhorias dentro do acordo de facilitação de comércio que resultaram na redução da quantidade de dias necessários para nacionalização de cargas. Siccherino percebe que grandes importadores dificilmente passam de três dias para nacionalizar suas cargas, porém acabavam optando por deixá-las mais dias armazenados no porto quando havia capacidade ociosa. “Se conseguirmos reduzir o dwell time e se tivermos navios maiores operando com consignação maior, aumentaremos a capacidade”, afirmou.

O coordenador do Comus/ACSP, José Cândido Senna, lembrou que por volta de 2013, pouco antes da Embraport (atual DP World Santos) e da BTP entrarem em operação, havia registros no comitê de um dwell time médio de até 17 dias, considerando o período entre a presença de carga no terminal e a saída no gate. “Com essa desorganização, descumprimento de janelas e cancelamentos, acompanhamos que o dwell time médio está aumentando”, apontou Senna.

O consultor Leandro Carelli Barreto, da Solve Shipping, comentou que o melhor plano possível para ganho de produtividade esbarra no fato de o terminal não ter controle sobre os navios que saem atrasados de portos estrangulados da Ásia, da Europa ou dos Estados Unidos. “Hoje, grande parte desse ganho de produtividade foge à ingerência de qualquer pessoa no Brasil porque esses navios estão fora de janela por conta dos congestionamentos no exterior”, analisou Barreto.


Fonte: Portos e Navios

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