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Símbolo da fé, Nossa Senhora de Fátima é parte da história do Porto de Santos

Entre o cais destinado aos cruzeiros marítimos no Porto de Santos e a Avenida Perimetral da Margem Direita, está ela: a imagem de Nossa Senhora de Fátima, conhecida por muitos como a Santa do Porto. Em torno do monumento erguido em frente ao antigo Armazém Frigorífico 26, em Outeirinhos, a mística se fortalece a cada dia a partir de histórias de trabalhadores portuários e outros fiéis que atribuem à Santa Maria milagres e graças alcançadas.

A famosa imagem, referência no porto santista, foi idealizada pelo especialista em arte sacra Heitor Usai e erguida em 1951 por uma comissão eleita pelos portuários da época, encabeçada por Carolina Pires da Costa, conhecida como a Mãe dos Portuários, e Maximino Perdiz Pinheiro, o empregado mais antigo da extinta Companhia Docas de Santos (CDS).

Essa comissão, então, passou a realizar celebrações em homenagem a Nossa Senhora de Fátima junto à estátua, sempre em 13 de dezembro, Dia do Marinheiro. O culto chegou a ser interrompido entre 1959 e 1988, quando as procissões foram retomadas e se tornaram tradicionais na Cidade. Devota e uma das organizadoras das celebrações da santa em Santos, Maria Alice Leça conta que as procissões acabaram suspensas por causa do início da pandemia e do fechamento da Paróquia São Benedito, no Embaré.

“As grandes festas eram realizadas no dia 13 de maio, dia da aparição de Nossa Senhora em Fátima em Portugal, em 1917, e em 13 de dezembro, data da celebração da Santa do Porto”, diz Maria Alice, que também conduziu a mobilização em defesa da permanência do monumento em seu local de origem, após a remoção ser cogitada para construção do Terminal de Passageiros. “Chegamos a entrar com uma ação para impedir que a Santa do Porto fosse retirada de lá”.

Segundo o historiador da Fundação Arquivo e Memória de Santos (Fams), Dionísio Almeida, “a importância da imagem de Nossa Senhora de Fátima está relacionada à devoção dos portuários e, também, por ter sido erguida onde existia a chácara de José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência, que nasceu em Santos”.

Testes de fé

Católico e devoto de Fátima, o estivador aposentado José Lopes Cunha, mais conhecido como Zeca da Estiva, frequentava o monumento assiduamente na década de 1990. Mas foi em 2020 que sua fé foi testada, quando sofreu o seu sétimo infarto.

“Depois de sete infartos e uma covid que me prejudixou muito, se hoje estou andando, só tenho a agradecer a Nossa Senhora. Eu estava sem sair de casa há três meses por causa da pandemia quando tive um infarto. Fui internado na UTI e lá peguei covid-19. Não foi fácil, mas eu estou aqui, né?”, comenta o portuário, acrescentando que, até hoje, faz suas orações em frente à imagem da Santa do Porto.

Já a estudante Yumi Firmino Takahashi, de 16 anos, é a prova viva de milagres, segundo sua mãe, Claudia Firmino de Brito Takahashi, de 50 anos, que é devota de Nossa Senhora de Fátima e ministra extraordinária da Sagrada Comunhão da Paróquia Imaculado Coração de Maria, em Santos. Cláudia participou de procissões na Santa do Porto, entre 2015 e 2017, apenas para agradecer.

“Nossa Senhora é tudo e agradeço a ela as duas maiores graças que alcancei. Uma foi a cura de um cisto no ovário que eu deveria operar e não queria. Tinha pavor de cirurgia. Estava com 32 anos, casada e queria ser mãe. Na época, vi a imagem da santa no campo da Portuguesa Santista e, na hora, coloquei a mão na barriga para pedir a Nossa Senhora que evitasse a cirurgia. E meu médico dizia que, para operar, não podia engravidar. Porém, uma semana antes do exame pré-operatório, engravidei”.

Diante de um cenário contraindicado pelo seu médico, Claudia conta que corria o risco de encarar uma operação durante a gestação para remover o cisto. Contudo, ele desapareceu. “O cisto sumiu e minha filha nasceu linda e com saúde”.

Logo dpeois, Claudia passaria por outra prova de fogo. “Minha filha contraiu uma bronquiolite, com 30 dias. A doença, se não for tratada logo, pode deixar sequelas no cérebro. Aí, eu me desesperei e mais uma vez recorri a ela: Nossa Senhora. Yumi passou seis dias internada, sendo quatro na UTI, e recebeu alta antes do esperado. Não tem nenhuma sequela e essa foi a minha segunda graça mais forte alcançada. Acredito que Nossa Senhora de Fátima, mais uma vez, me amparou”.

Sem placas e fora de roteiros

A Santa do Porto está localizada na Praça dos Outeirinhos, em frente ao Terminal de Passageiros Giusfredo Santini, em área sob jurisdição da Santos Port Authority (SPA), gestora do Porto de Santos.

Embora o monumento faça parte da história da Cidade, ele não está incluído em festividades do calendário oficial do Município nem em roteiros culturais ou turísticos. O acesso é difícil e não há placas indicativas para orientar fiéis da região ou turistas.

Questionada sobre a ausência de sinalizações no local, a Autoridade Portuária respondeu que “a instalação de placas indicativas será providenciada”.
















Fonte: A Tribuna

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