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Portos, terminais e navios verdes são tendência no mercado global, dizem especialistas

Portos, terminais e navios verdes constituem um cenário em expansão nas trocas comerciais entre países. Porém, o avanço em investimentos e iniciativas zero carbono dependem de um esforço conjunto de empresas e de políticas governamentais. A forma para percorrer essa rota sustentável, gerando eficiência, competitividade e retorno econômico no setor, foi uma das principais discussões do segundo dia do TOC Americas 2023, que termina hoje, no Centro de Convenções do Panamá, na Cidade do Panamá.

Moderador do painel Descarbonização do Porto e Operações de Terminais, o vice-presidente adjunto da região da América Latina e Caribe da HPC Hamburg Port Consulting GmbH, Marcelo Garcia D’Antona, comentou em sua apresentação inicial que as empresas que atuam no comércio global e os governos buscam viabilizar os chamados corredores verdes.

“São rotas específicas onde o transporte de bens e mercadorias com emissão zero de gases estufa pode ser rapidamente colocado em prática, levando em consideração os aspectos econômicos, logísticos e políticos. Os terminais portuários desempenham um papel crucial dentro desses corredores, atuando como hubs pivotais que facilitam o movimento de mercadorias para as comunidades locais e mercados globais”.

D’Antona afirmou que haverá uma pressão crescente sobre os portos para reduzir sua pegada de carbono. “Os portos são responsáveis por uma variedade de emissões diretas e indiretas de carbono em suas atividades logísticas, incluindo aquelas provenientes da infraestrutura em terra movida a diesel (como empilhadeiras e guindastes), consumo de eletricidade não renovável em edifícios, iluminação e máquinas, bem como emissões indiretas de veículos que os utilizam para recepção e entrega das cargas, juntamente com os armazéns associados”.

O especialista afirmou ainda que todas essas atividades oferecem oportunidades para a descarbonização, por meio de uma combinação de eletrificação (usando fontes de energia renovável), eficiência energética aprimorada, tecnologias inteligentes para melhorar o transporte e a entrega e o fornecimento de eletricidade em terra para navios atracados. Contudo, a colaboração é fundamental no processo de descarbonização.

“Dada a natureza multifacetada e complexa das operações portuárias, uma abordagem colaborativa envolvendo todos os interessados será essencial para maximizar a adoção de tecnologias neutras em carbono. Os portos devem empregar uma ampla gama de estratégias em todos os aspectos de suas operações para diminuir significativamente suas emissões. Tecnologias inovadoras já estão disponíveis para fazer melhorias substanciais nessa área, e a adoção precoce pode conferir uma vantagem competitiva aos portos visionários”.

Tecnologia e sustentabilidade

No mesmo debate, o diretor regional da Portwise, Guilherme Peixoto, destacou a mudança de percepção no TOC Americas, que nas últimas edições teve debates aprofundados sobre o tema automação e, em 2023, viu a busca pela descarbonização e adoção de combustíveis verdes ganhar espaço.

No Panamá, ele apresentou a visão da companhia de “otimização das operações portuárias e sua contribuição para a melhoria da eficiência energética, ressaltando a importância de se planejar adequadamente os projetos e as operações em terminais de contêineres para alcançar os resultados esperados em relação à descarbonização”.

Outra debatedora do painel sobre descarbonização, a gerente comercial do Porto Itapoá (SC), Patrícia Lia Brentano, afirmou que “as empresas têm metas, cada uma mais arrojada e diferente da outra, para descarbonização, e os corredores verdes que estão sendo impulsionados pelos donos da carga vão atingir obviamente os terminais que são parte integrante dessa cadeia”.

Patrícia citou ainda uma inovação do porto catarinense. “A gente conseguiu fazer uma validação do quanto é gasto por contêiner movimentado, quanto isso gera de carbono. Aí, junto com a Ambipar (empresa de gestão ambiental), conseguimos fazer uma validação e uma precificação para quando os clientes precisarem”.

A gerente comercial exemplifica: “Por exemplo, eles têm um passivo de carbono, precisam se creditar para poder reduzir a sua taxa de emissão no ano, então vão lá no portal, lançam os contêineres movimentados e verificam quanto foi a emissão de carbono na operação portuária, no Porto Itapoá. Com isso, eles poderão verificar o preço gerado e fazer essa compra, que é certificada pela Ambipar”.

Acompanhando todas as discussões nos painéis do dia, o empresário e apresentador do programa Porto 360°, da TV Tribuna, Maxwell Rodrigues, contou que o setor mostra estar pronto para ser verde, podendo começar imediatamente, mas dando um passo por vez. “Há uma forte tendência para o uso de equipamentos eletrificados nas operações portuárias. A preocupação com fontes limpas é a tendência futura nas operações”.

Rodrigues disse ainda que, ao olhar para o futuro, as empresas esperam que haja redução de custos nas operações, o que somente ocorrerá com a fabricação de equipamentos em alta escala. “Segundo a perspectiva desses especialistas, todo esse movimento poderá ser sentido a partir de 2026 e deverá se estabilizar em meados de 2036. Eles afirmaram ainda que hoje os equipamentos eletrificados são 5% mais eficientes do que os operados a diesel”.

O representante regional do TOC Americas, Victor Gallardo, destacou que a união entre tecnologia e sustentabilidade é o futuro. “Estaremos vivendo em um porto claro, limpo e verde no futuro. É imperativo que se você quiser continuar exportando os seus produtos para outros continentes, precisa dispor de um produto e um serviço verdes. Tecnologia sem papel, amigável com o ambiente, mais sustentável e, obviamente, mais inclusiva, é relevante”.

Automação

O gerente comercial da DP World, Rodrigo Gomes, destacou o avanço da automação nos portos. “As empresas estão olhando de uma maneira diferente a gestão da automação nos portos espalhados pelo mundo e, principalmente, como é que isso está acontecendo em Santos efetivamente”.

Gomes afirmou que na DP World Santos há equipamentos totalmente automatizados, “pilotados, gerenciados fora da área de operações. Olhamos a questão da produtividade e, obviamente, a segurança”.

O representante da DP World salientou que o TOC Americas possibilita o intercâmbio de conhecimentos e expertise entre os atores da cadeia global de exportação e importação. “É uma oportunidade de compartilhar não só aquilo que nós temos de melhor, como o que a gente vai ver e aprender também. É importantíssimo”.

Gomes também compartilha da ideia de Santos sediar uma edição do TOC Americas. “Olhando a questão da representatividade que o Porto de Santos tem nas Américas, eu acho que já está mais do que na hora de trazer um TOC para Santos, quem sabe no ano que vem”.

TOC Americas em Santos?

Perguntado se o Porto de Santos poderia sediar uma edição do TOC Americas, o representante regional do evento, Victor Gallardo, não descartou a possibilidade. “Em 2009, realizamos (a conferência) no Rio de Janeiro. Foi desafiador, em uma outra época, outra área, outro mundo, mas, agora, eu penso que Santos tem um potencial fantástico para o futuro. Vou continuar trabalhando para levar o TOC Americas ao Porto de Santos um dia. Quem sabe, conseguimos?”.


















Fonte: A Tribuna

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