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Porto de Santos deve receber cerca de 250 mil toneladas de fertilizantes da Rússia

Os dois meses de guerra entre Rússia e Ucrânia ainda não refletiram de forma intensa no envio de fertilizantes para o Brasil. Tanto que, segundo a consultoria StoneX, cerca de 600 mil toneladas de fertilizantes estão a caminho dos portos brasileiros e pouco mais de 40% desse total, o equivalente quase 250 mil toneladas, deve chegar ao País por meio do Porto de Santos até o fim de maio.

De acordo com o analista de inteligência de mercado da StoneX, Luigi Bezzon, as 250 mil toneladas da carga devem chegar ao complexo portuário santista em dez navios, de um total de 40 cujo destino é o Brasil.

"Muitas embarcações chegam aos portos e ficam neles cerca 20 ou 30 dias, até desembarcarem. Ou seja, os produtos ainda não foram efetivamente importados, mas já estão no Porto. Em Santos, são dez navios para desembarcarem entre os que estão no mar ou já estão próximos ao Porto, mas esperando a autorização para desembarcar".

Ele explica que o volume de fertilizantes chegando ao País nesse período está dentro da normalidade, porque as embarcações saíram da Rússia ainda antes ou pouco tempo depois do início da guerra. Isso se dá devido ao tempo de transporte entre o território russo e o Brasil (de um mês e meio a dois meses). Porém, o cenário deve mudar a partir do próximo mês.

"O problema atual são as embarcações que saíram da Rússia ou deveriam ter saído a partir da metade de março, ou seja, depois da guerra iniciada. De lá para cá, as vendas diminuíram, então poucos navios foram comercializados", explica, dizendo que ainda não é possível quantificar o total de embarcações nesta situação.

Os principais fertilizantes que chegam ao Brasil oriundos de terras russas são o cloreto de potássio e ureia. "Historicamente, o cloreto de potássio é o primeiro mais importado e 30% do total desse produto vem da Rússia".

Preocupações

Bezzon se mostra preocupado com a próxima safra de grãos no Brasil, que tem o período de plantações estimado para o mês de setembro. "Os fertilizantes tinham que ser comprados agora, até para poderem chegar a tempo. É um período crítico para compra de fertilizante e a gente deve ter uma redução nessas importações".

No entanto, segundo ele, o problema não envolve apenas a guerra em si, e sim as sanções que estão sendo impostas à Rússia. "O maior problema é a logística de bancos que não aceitam comercializar com a Rússia", enfatiza, dizendo que as empresas e os produtores russos sofrerão no pós-guerra.

O analista de inteligência explica que, com o confronto em andamento, a situação dificilmente será normalizada. "Pode ser que o cenário melhore com o passar dos meses e o mercado se adapte a esse cenário", ressalta, dizendo que, caso a situação se normalize no segundo semestre, poderá ser tarde para a safra principal do Brasil. "Mesmo se a guerra acabar hoje, nada irá se normalizar tão cedo".

Salvo-conduto

Na última semana, o presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu ajuda para a Organização Mundial de Comércio (OMC) para garantir uma espécie de salvo-conduto ao fluxo de insumos importados de países que sofreram sanções devido à guerra na Ucrânia. Luigi acredita que a proposta é positiva, mas o pedido dificilmente terá reflexos.

"O problema é mais geopolítico nesse momento. Agora, por exemplo, faltam navios para os portos russos. Não é um problema entre Brasil e Rússia, é um problema entre o mundo e a Rússia que tem o Brasil como envolvido. É um problema logístico global".











Fonte: A Tribuna

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