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Navio histórico que viajou para a Antártida será restaurado para exibição em Santos


Antes fadado ao desmonte e retirado do Porto de Santos, o navio oceanográfico Professor W. Besnard está renascendo aos poucos. A ideia é que a embarcação, que participou da primeira viagem brasileira à Antártida, fique integrada ao Parque Valongo, onde está atracada. Para isso, o navio passa por uma espécie de “banho de loja inicial”, desde fevereiro, para que possa ser observado pela população, ainda sem visitação, a partir de 12 de julho, data de início da Festa Inverno 2024, primeiro evento a ser realizado no local.

 

“É um trabalho de zeladoria e manutenção, que vai permanecer. Por enquanto, ele será recuperado externamente para essa apresentação na inauguração do Parque Valongo. Ele estará com bandeiras e todo iluminado. Depois, o trabalho será mais profundo. Só vai ser aberto ao público quando tivermos o restauro e total segurança”, afirma Fernando Liberalli De Simone, presidente do Instituto do Mar, atual proprietário do navio.

 

Em 2016, a Prefeitura de Ilhabela (SP) recebeu a embarcação do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP), dono desde 1967. Em julho de 2023 a Justiça determinou que a Administração da cidade do Litoral Norte desmontasse o navio por oferecer risco ambiental e não ter condições de navegabilidade. Mas uma audiência conciliatória e com a anuência do Ministério Público de São Paulo (MPSP), realizada em novembro do ano passado, suspendeu as obrigações impostas à Administração da cidade do Litoral Norte, já que o navio ficou com o Instituto do Mar.

 

Diretor de operações da empresa Petrocentter Naval, de São Paulo, João Carlos de Souza é uma das três pessoas que estão colocando a mão na massa, voluntariamente, com previsão de que o trabalho dure um ano. “Estamos fazendo o trabalho de 15”, calcula. Ele explicou que a restauração está dividida em três fases.

 

“Nesta primeira, lavamos o navio todo com detergente neutro e o líquido do limão, com baldes de água. Não jateamos com máquina para que a tinta original se conservasse, o que durou uns 60 dias. Aí viemos com a pintura, que vai ser geral, principalmente fora. Antes, ele estava com uma ‘roupa’ esquisita, vestido de verde de musgo e limo, depois de hibernar por oito anos. Quem acompanha, nota a diferença. Vejo este navio como um cartão-postal ”, detalha.

 

Recursos

 

O trabalho profundo, citado por Liberalli, vem nas duas etapas seguintes, previstas para durar pelo menos um ano, desde que haja aporte financeiro. “Estamos aguardando patrocinadores que vão se beneficiar da renúncia fiscal, porque o Instituto do Mar é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). As empresas que nos ajudarem poderão abater do Imposto de Renda até 2% do lucro operacional e a gente utiliza isso para o restauro do navio”, explica.

 

A segunda fase envolve marcenaria e elétrica para implantar uma espécie de museu sobre a história da embarcação, englobando as expedições que ocorreram durante os primeiros 23 anos que ela navegou sem interrupções. A visitação pública seria feita com direito, por exemplo, à sala de cinema e loja de lembranças, como miniaturas do próprio navio.

 

“O material informativo e de documentação será fornecido pelo Instituto Oceanográfico. Também queremos oferecer às crianças aulas de preservação dos oceanos, que vamos estruturar dentro do navio”, completa o presidente do Instituto do Mar.

 

Criador do Museu do Porto, o engenheiro Antônio Carlos da Mata Barreto trabalhou por 50 anos na Autoridade Portuária de Santos (APS) e não esconde a empolgação, agora como voluntário no projeto. “Já temos a garantia de que o navio não será desmontado, mas temos que fazer, de qualquer forma, que essa garantia prevaleça”, afirma.

 

A empresa interessada em ajudar pode entrar em contato pelo site imar.org.br, pelas redes sociais do Instituto do Mar (Facebook, Instagram e X) ou diretamente com Fernando Liberalli pelo e-mail imar@imar.org.br. “Qualquer valor é bem-vindo. Esse navio passou por muita coisa. Não podemos jogar a história fora”, lembra.




















Fonte: A Tribuna

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