A integração ferroviária entre os terminais do Porto de Santos foi apontada como uma das principais soluções para lidar com o aumento da quantidade de cargas que precisam passar pelo maior complexo portuário do país.
O tema esteve em discussão em um dos painéis técnicos do Santos Export – fórum regional de Logística, Infraestrutura e Transportes. A edição 2024 do evento foi realizada nos últimos dias 22 e 23, em Santos (SP).
De acordo com dados da Autoridade Portuária de Santos (APS), a capacidade ferroviária atual do complexo portuário é de 50 milhões de toneladas por ano. No entanto, para lidar com o volume proveniente das ferrovias que chegam aos terminais do complexo, essa capacidade precisaria ser aumentada para 115 milhões de toneladas por ano.
No quarto painel do evento “A logística das cargas e o futuro do complexo portuário de Santos”, Ary Serpa Jr., CEO da América do Sul da Odfjell Terminals, mencionou que está colaborando com a Prefeitura de Santos e outras empresas para instalar o modal ferroviário na região da Alemoa. O objetivo, segundo o executivo, é aumentar o fluxo de cargas de granéis líquidos.
Na fase de aquisição da área, Serpa ressaltou que é uma iniciativa conjunta dos terminais da região, inspirada no modelo da Fips (Ferrovia Interna do Porto de Santos). Ele enfatizou os benefícios sustentáveis do projeto. “A ferrovia é uma maneira de minimizar a emissão de gases, além de melhorar o fluxo rodoviário”, declarou.
Décio Amaral, presidente da Ultracargo, concordou com o colega e citou o setor de etanol derivado do milho como um exemplo de mercado para a expansão ferroviária, destacando seu crescimento anual de 2%.
“Com a conexão ferroviária, esse etanol de milho chega a Santos, subindo por cabotagem para o Nordeste, ou podendo ser exportado”, disse Amaral. “Então, Santos tem um potencial para ser um porto absolutamente relevante para a movimentação de combustíveis renováveis”, complementou.
Guilherme Penin,vice-presidente de Regulação e Expansão da Rumo (empresa parceira da Fips, que conecta o Porto de Santos por trilhos), falou um pouco sobre o investimento que vem sendo feito na malha ferroviária.
“Nós estamos tentando resolver gargalo a gargalo tudo aquilo que é necessário dentro do complexo portuário. A Rumo como sócia da Fips, deposita muitas esperanças na qualidade do trabalho do time que está trabalhando”.
Ele alertou, no entanto, para a necessidade de se agilizar a implementação das novas infraestruturas para movimentação de grãos e fertilizantes.
“Temos que começar a olhar com muito rigor para a capacidade portuária para grãos e fertilizantes. Hoje, tirando o terminal da Cofco, o STS 11, você não vê mais nenhum projeto no horizonte”.
Grãos e açúcar
Fábio Marchiori, CEO da VLI — outra empresa de soluções logísticas integrante da Fips, juntamente com a Rumo e a MRS —, comemorou os esforços da companhia que equacionaram o desafio do escoamento de grãos e açúcar no Porto de Santos por meio do modal ferroviário.
“Claro, gargalo logístico nós temos que monitorar o tempo todo. Mas dentro dos esforços que a gente vem fazendo para aumentar a capacidade de descida para o Porto de Santos e retorno para o interior, tudo vem sendo bem trabalhado”, salientou.
Marchiori enfatizou que, embora todos desejem uma expansão imediata, é um processo complexo, que considera o crescimento estrutural também nas rodovias.
Por fim, Djalma Vilela, presidente da Multilog, defendeu uma maior integração de todos os modais de transporte para impulsionar o crescimento do Porto. “Se a gente não enfrentar essas questões de acesso, vira que nem a copa do mundo, estádios maravilhosos mas que não conseguimos jogar, isso é um gargalo que precisamos entender em conjunto como organizar.”
O Santos Export – fórum regional de Logística, Infraestrutura e Transportes é uma iniciativa e realização do Grupo Brasil Export, com apoio institucional do Ministério de Portos e Aeroportos. A produção foi da Bossa Marketing e Eventos e a mídia oficial da Rede BE News.
Fonte: BE News
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