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Implacáveis contra avarias, consertadores veem atividade se transformar no Porto de Santos


Roberto Fernandes Rodrigues e Francisco Eduardo Alves Vieira moram na mesma cidade (Santos, nos bairros Boqueirão e na Ponta da Praia, respectivamente), quase empatam na idade (64 e 63 anos) e têm a mesma data profissional na história: 19 de julho de 1979. Foi nessa data que os dois, e outros tantos, iniciaram na profissão de consertadores no Porto de Santos, após passarem em concurso feito naquele ano na Vila Belmiro, tamanha a procura, dando baixa no serviço militar.

Os consertadores são trabalhadores portuários avulsos requisitados pelo operador do navio junto ao Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo) do Porto de Santos no embarque e desembarque de cargas sujeitas a algum tipo de avaria e, caso aconteça, reparar essas embalagens. A bordo, eles trabalham no escoramento da carga. “O interesse surgiu porque meu pai era consertador e eu quis seguir a mesma profissão. Após um mês parado, após sair do Exército, entrei como matriculado. Foi rápido”, conta Rodrigues.

No caso de Vieira, ele trabalhava desde os 13 anos em uma comissária de despachos. “Soube que abriria o concurso por minha irmã, empregada na tesouraria do Sindicato dos Consertadores. Pedi permissão para o Exército para fazer a inscrição, pois tinha que pegar minha identidade de civil, que ficava retida. Minha vaga na comissária estava à disposição, porém passei no concurso e fui trabalhar só no Porto”, relembra o trabalhador, casado há 40 anos com Vera e pai de duas filhas: Cássia e Thays.

Desafios

Manter-se no mercado de trabalho é o grande desafio dos consertadores. A modernização do transporte de cargas, em especial com o advento dos contêineres, largamente utilizados há tempos, diminuiu a quantidade de serviço e de profissionais.

“Quando entramos, o contêiner era pouco utilizado. Havia muito poucos e ainda embarcados em navios muito velhos, não apropriados como os especializados de hoje. A maioria vinha como carga geral, em unidades, paletizadas ou atadas”, recorda Vieira. “Atualmente, há muito embarque de celulose, por exemplo”, emenda.

A pandemia de covid-19, porém, aumentou custos gerais e o frete de embarcações específicas, fazendo com que as antigas maneiras fossem retomadas. Apesar disso, há também as adaptações do trabalho aos novos recursos.

“A gente sempre acredita que vai existir uma carga para se consertar. E existem algumas situações que o contêiner não vai resolver assim como o interesse pelo navio mais barato, quando irão precisar da nossa mão de obra. Também fizemos bastante escoramento dentro dos contêineres para as mercadorias que eram colocadas”, detalha.

Futuro

Depois de muitos e antigos pedidos da categoria, o Ogmo realizou concurso em que ingressaram 50 novos consertadores, que começaram a trabalhar em maio deste ano, e outros 20 estão como cadastro reserva. Esse processo de contratação não acontecia desde 1979, quando Rodrigues e Vieira foram admitidos, mostrando que a profissão segue viva.

Se Rodrigues, casado há 42 anos com Edineide e pai de três filhos (Cleber, Danielle e Cláudia, além de avô de um casal de netos - Nicolas e Catarina), julga que “o segredo de um bom e eficiente consertador é ser responsável, dedicar-se com afinco, amor, orgulho e muita honra ao ofício”, Vieira vai além.

“Não é que existam segredos para ser um bom profissional, mas acho que é preciso se dedicar. Cada trabalho é diferente do outro. Pode ser, no máximo, parecido. O conhecimento vai sendo adquirido no dia a dia, além de se ouvir os mais experientes e observar a maneira dos outros trabalharem. Tudo isso ajuda a criar ideias para que o trabalho seja realizado com ainda mais eficiência”, define.

















Fonte: A Tribuna

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