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Fundado no local que abriga usina hidrelétrica do Porto de Santos, Itatinga AC coleciona taças

O romantismo da Vila de Itatinga, onde fica a usina hidrelétrica de mesmo nome, em Bertioga, não está apenas nas casas residenciais de madeira construídas na primeira metade do século 20, que atualmente abrigam sete famílias de trabalhadores - já foram 70. As instalações do Itatinga Atlético Clube também compõem a paisagem bucólica, fazendo remeter aos primórdios do futebol.

A agremiação alvinegra, fundada em 7 de setembro de 1928 por empregados da antiga Companhia Docas de Santos (CDS), tem sua sede social instalada na Praça de Esportes Guilherme Benjamin Weinschenck. O homenageado é o engenheiro que concebeu e projetou a Usina Hidrelétrica de Itatinga, criada 18 anos antes. Ele também foi responsável pela construção do Porto de Santos.

Com playground, mesa de bilhar e de tênis de mesa, quadra de bocha, campos de futebol tamanho oficial e minicampo, quadra de voleibol, pequena arquibancada, barzinho e vestiários, o Itatinga Atlético Clube é a primeira visão que se tem da Vila. Para chegar lá, tem viagem de lancha e de bonde.

“Pela própria situação geográfica do local, o Itatinga Atlético Clube constituía-se na principal opção de lazer da Vila e as festas tradicionais eram realizadas lá, como festas juninas, Carnaval, aniversário do clube e outras. Nessas ocasiões ocorriam muitas brincadeiras promovidas para as crianças”, conta Guilherme Mascarenhas Santos, de 31 anos, assistente sênior da Autoridade Portuária de Santos (APS) e presidente da agremiação de 2013 até junho deste ano, quando passou a trabalhar na sede da empresa em Santos.

Conquistas

Como todo time que se preza, há uma sala de troféus. São mais de 200, todos eles recebidos justamente em razão do futebol. “A grande última conquista do time foi contra a equipe de São Lourenço, na comemoração do aniversário deles, quando o Itatinga venceu por 2 a 1, levou o troféu comemorativo e ofertou-lhes um cartão de prata. Nos anos de 1958, 1959 e 1960, o clube manteve-se como campeão na disputa com os times do Litoral Norte do Estado, em campeonato promovido pelo Sesc. Uma das maiores glórias foi esse tricampeonato”, detalha Santos.

As equipes montadas englobavam quadros Infantil, Juvenil e Veterano. O Itatinga Atlético Clube mantinha jogos entre os próprios empregados da antiga Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) residentes no local e também participava de torneios internos da empresa, além de partidas realizadas em finais de semana com times visitantes.

“O dia de maior atividade do clube era domingo, quando chegavam excursões de fora para participar de partidas previamente marcadas. Geralmente, nessas partidas de domingo, eram os quadros principais que jogavam, às vezes precedidos por uma preliminar dente de leite ou juvenil. Em outras vezes, as partidas eram entre os veteranos”, afirma o ex-presidente. “Muitos times procuravam o clube para realizar jogos em Itatinga, pois o local é bastante agradável para, após os jogos preparar uma churrascada, tomar um banho de rio ou de cachoeira. Por isso, sempre tinham atividades”, emenda.

Até 1970, a vida em Itatinga era diferente. O pessoal nascia e crescia na Vila, aguardando a chegada dos 18 anos para ingressar na então Companhia Docas e por ali ficavam. “As pessoas que nasceram e se criaram na Vila ou viveram grande parte de sua vida lá frequentavam a Vila nos fins de semana, mesmo não morando mais por lá”, lembra Santos.

O corretor de imóveis José Igídio Justo, de 65 anos, lembra com saudade dos tempos em que morou lá - desde que nasceu até os 14 anos, em 1972, quando o pai, Igídio José Justo, se aposentou como maquinista da locomotiva e operador do bonde elétrico - e defendeu o time como volante e meia no primeiro quadro.

“Joguei basicamente nos anos 1970, em períodos intercalados. Eu nunca trabalhei lá, mas meu pai sim, de 1937 a 1972, e meus irmãos mais velhos também. Tivemos que voltar para Santos por causa da aposentadoria dele. O Itatinga foi, para mim, uma paixão de infância e realizei o sonho de vestir o manto sagrado”, conta.

Histórias

A programação era realizada desta forma até 2011, quando ocorreu uma situação epidemiológica que impossibilitou a continuidade dos eventos organizados pelo Itatinga Atlético Clube. Dois anos depois, uma nova diretoria, comandada por Santos, assumiu a gestão do clube.

Em 7 de setembro de 2015, quando o clube comemorou 87 anos, houve o aniversário e foram retomados os jogos em datas esporádicas. Atualmente, são realizados no Itatinga somente eventos internos entre funcionários e moradores. Ficaram as boas histórias.

“O time amador do Itatinga estava fraco e com poucos jogadores. Então, no empenho de manter o troféu em nossa galeria, organizamos o jogo do festival de 7 de setembro de 2017 contra um time que, a princípio, seria inferior, o União Bertioguense Esporte Clube. Porém, quando chegou a hora do jogo, a história foi bem diferente do que me passaram e, infelizmente, ficamos sem o troféu do amador naquele ano, da categoria 60 anos. Só nos restou aguentar a gozação por parte dos que não jogaram e do adversário. Não dá para ganhar sempre, né?”, conta o ex-presidente.























Fonte: A Tribuna

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