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Essenciais no cais, estivadores lidam com transformação acelerada no Porto de Santos

Com história de peso no complexo santista, categoria trabalham em meio a avanços tecnológicos

Jefferson Demetrio da Fonseca, de 62 anos, e João de Jesus Filho, de 65, têm mais semelhanças do que a letra inicial de seus nomes. Os dois fazem parte de uma categoria portuária que não parou nem durante a pandemia de covid-19, justamente por sua condição de essencial, e chama atenção pela importância de sua função no dia a dia do cais: eles são estivadores.

“Estamos com a maior parte da balança comercial do Brasil. Todas as cargas importadas e exportadas passam obrigatoriamente pela mão do estivador, tanto no embarque quanto na descarga. Temos, portanto, uma importância muito grande dentro da movimentação do País”, afirma Jesus Filho.

O estivador trabalha a bordo dos navios na movimentação da carga, operando equipamentos que distribuem tudo, de maneira uniforme, no espaço destinado, tanto no embarque quanto na descarga. A categoria possui duas modalidades de trabalho: avulsa, recrutada para trabalhos determinados, e a vinculada, que são os trabalhadores que atuam nas empresas registrados em carteira.

“Cheguei ao Porto de Santos em 1984. Eu me interessei pela estiva ainda jovem, quando dei baixa da Marinha e ingressei no quadro, naquela época como bagrinho, para cumprir a experiência e as horas determinadas. Depois, entrei como cadastrado e acabei alçado ao registro, em outra fase da profissão”, recorda Fonseca.

Por sua vez, Jesus Filho começou na área portuária em 1981, dentro da Fundacentro, um órgão do Ministério do Trabalho. Como o Porto não tinha nenhuma lei específica com relação às atividades logísticas e de segurança, foi desenvolvido, na época, um projeto.

“Fiz várias inspeções em embarcações para ver as condições de trabalho e elaborei relatórioss para que fosse implantada a que chamamamos de NR29, norma específica de segurança para a área portuária. Trabalhei nisso até 1983 e foi durante esse período que conheci a estiva. Isso me atraiu. Fiquei de 1984 a 1991 como cadastrado, quando entrei como estivador carteira preta, como a gente comumente chamava", conta.

Qualificação e redução

O presente e o futuro se misturam na vida dos estivadores no que se refere à modernização, que requer a constante qualificação. “O estivador é um profissional qualificado. Passamos por treinamentos e qualificação para isso. Nenhum trabalhador vai se aventurar na função”, ressalta Jesus Filho.

“Para você ter uma ideia, tenho dezenas de cursos do Ogmo (Órgão Gestor de Mão de Obra), que gere a categoria e é responsável pela escala dos profissionais, com a mudança da Lei dos Portos. Eles servem para que eu opere qualquer equipamento a bordo de uma embarcação”, afirma Fonseca.

Em meio a isso, está a luta contra a redução do número de estivadores em atividade, em especial os avulsos.

“A modernidade está aí batendo à porta. Não há o que fazer. E a tendência é sempre diminuir o quadro. Para se ter uma ideia, a estiva tem aproximadamente 2 mil homens. Quando cheguei, eram 7 mil. Um navio atraca de manhã e, na manhã seguinte, vai embora. É tudo muito rápido hoje. Agilidade, segurança e rapidez: é o tripé que as empresas buscam e o trabalhador avulso, como é o meu caso, não está fora disso”, descreve Fonseca.



















Fonte: A Tribuna

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