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Com testes de saúde, Guarujá vai medir poluição do ar na Margem Esquerda do Porto de Santos

Avaliar a poluição do ar na Margem Esquerda do Porto de Santos, localizada em Guarujá. Esse é o objetivo de uma parceria da Prefeitura de Guarujá com a Universidade do Oeste Paulista (Unoeste). O levantamento começará em setembro, com a investigação da presença de material particulado no sistema respiratório e cardiovascular de crianças e idosos que residem em Vicente de Carvalho e no Perequê.

Consultados por A Tribuna, especialistas em meio ambiente disseram que o acompanhamento é relevante para mitigar problemas ambientais e de saúde na população. O estudo terá duração de 15 meses e custará R$ 423 mil aos cofres do Município.

A análise consiste na observação dos sistemas respiratório e cardiovascular de crianças na faixa de 8 a 11 anos e idosos a partir de 60 anos que moram nos bairros Jardim Conceiçãozinha e Jardim Boa Esperança, em Vicente de Carvalho, e no Perequê, por ser o ponto mais distante do complexo portuário.

O trabalho de campo ocorrerá a partir do monitoramento de materiais particulados em tempo real e da coleta de dados de 1.300 pessoas. Na prática, o público-alvo passará por avaliação da função pulmonar, pressão arterial e sistema respiratório, além de entrevista a ser feita por um profissional de saúde. Informações importantes sobre o histórico de saúde, como queixas e características familiares, estarão no documento.

Para a aquisição dos equipamentos, foi firmado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre Prefeitura de Guarujá, Ministério Público Federal e Ministério Público de São Paulo. Entre os aparelhos adquiridos estão monitores de partículas, espirômetros, balanças corporais e aparelhos de pressão digital.

Etapas

Perguntado sobre as medidas que a Prefeitura pretende adotar a partir dos resultados da pesquisa, seja junto às empresas do setor portuário ou na elaboração de uma estratégia de saúde, o secretário-adjunto da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semam), Cleiton Jordão, explicou que, inicialmente, serão apresentados dois relatórios parciais.

“O primeiro relatório será apresentado na metade do estudo e o segundo ao final dos trabalhos. A partir desses relatórios, será feita uma análise dos resultados obtidos para depois definir as medidas que poderão ser tomadas”.

Para o superintendente de Meio Ambiente, Saúde e Segurança do Trabalho da Autoridade Portuária de Santos (APS), Sidnei Aranha, o embasamento científico é o caminho para a criação de novas políticas públicas. “Os impactos ambientais das nossas atividades precisam ser enfrentados e estamos trabalhando com afinco para investir em soluções sustentáveis. Seguimos confiantes de que, com essa nova pesquisa, todos serão beneficiados, principalmente a população”.

Bromélias

De acordo com a Prefeitura, a nova pesquisa fortalecerá a primeira denominada Atlas da Poluição, realizada entre 2019 e 2020 por meio do uso de bromélias. Os próximos resultados devem ser divulgados até novembro de 2024, quando também poderão ser discutidas mais políticas públicas para fortalecer o meio ambiente e a saúde pública.

Especialistas

O professor de Arquitetura e Engenharia da Esamc, Alessandro Lopes, que também é mestre em Direito Ambiental, sugeriu que monitoramentos do tipo sejam feitos periodicamente, pois contribuem não somente para Guarujá, mas para toda a Baixada Santista. Ele apontou que, entre as principais doenças causadas pela poluição do ar, estão asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), bronquite e câncer de pulmão.

"Monitorar a qualidade do ar irá trazer vários benefícios, além de atingir vários objetivos. Ajuda a conhecermos a qualidade do ar, avaliarmos efeitos prováveis da poluição no ser humano e entendermos que tipo de chuva a região estará recebendo. Os dados ajudam a desenvolver ações de emergência em períodos mais graves, bem como ter uma interação melhor sobre problemas e doenças que podem ser gerados em crianças e idosos. É uma ação assertiva”.

Já o professor do programa de pós-graduação de Direito Ambiental Internacional da Universidade Católica de Santos (UniSantos), Flávio de Miranda Ribeiro, pontuou três fatores de poluição na atividade portuária: queima de combustível de caminhões, operações de carga e descarga de navios e acionamento dos motores das embarcações.

“No caso dos caminhões, os mais antigos têm um índice de poluição muito alto. Já na carga e descarga dos navios, cito grãos, fertilizantes e açúcar. No transporte, há perdas desses produtos para a atmosfera e o piso do porto, o que também acaba causando problema ambiental. Os terminais vêm adotando medidas para reduzir essas perdas. E o motor ligado em todo o período de atracação do navio no porto queima combustível de forma ininterrupta. É que, enquanto o navio está aportado, fornece energia para suas atividades, para a tripulação e até para a operação de carga e descarga".

















Fonte: A Tribuna

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