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Caminhoneiros que atuam no Porto de Santos falam em desistir da profissão em meio à alta do diesel

Após passar mais da metade da vida atuando como caminhoneiro, Pedro Luis Joannoni diz estar prestes a abandonar a profissão. Aos 55 anos, ele procura novas oportunidades de emprego para tocar a vida – e não é o único com este pensamento dentro da categoria. O motivo? O salto de 24,9% no preço do óleo diesel, anunciado pela Petrobras no último dia 11.

Profissionais que atuam no Porto de Santos relataram a imensa queda nos lucros. “Eu estou desistindo. Chego a ficar 60 dias fora de casa para não levar nada”, resume Joannoni, dizendo que só trabalhará enquanto seu caminhão não precisar de manutenção.

Desiludido, ele enfatiza que já se colocou à disposição de vagas para outros trabalhos e pretende parar com a profissão que exerce há 35 anos assim que precisar trocar o pneu, por exemplo. “Vou parar. O óleo diesel não deixa mais nem fazermos a manutenção do caminhão. Por isso, (o caminhão) anda caindo aos pedaços. Se um dia isso melhorar, volto”, enfatiza ele, que mora em Piracicaba (SP).

O caminhoneiro destaca que a falta de manutenção no veículo traz riscos. “Não tem mais jeito, o autônomo vai acabar”, desabafa.

Desânimo

Hugo Sérgio Ferreira, de 36 anos, também é autônomo e se diz muito desanimado com a profissão de caminhoneiro após o aumento dos combustíveis.

“A margem de lucro foi muito reduzida e a gente já sofre há muitos anos com isso. A cada dia que passa, fica mais difícil”. Casado e com dois filhos, ele afirma que o orçamento familiar foi impactado, mas é pela família que “ainda está rodando”.

Dos dez anos na estrada, Ferreira trabalha como autônomo há três. Ele mora em Ribeirão Pires (SP), mas está na Baixada Santista a trabalho. “A gente chega a pensar em desistir porque, do jeito que estão as coisas, se tiver mais uma alta dos combustíveis, não teremos como evitar uma paralisação. Não vai ter como a categoria suportar isso”.

Apesar dos caminhoneiros autônomos sentirem com mais intensidade os impactos do aumento do combustível, os profissionais empregados em empresas de transporte de cargas também sentem os reflexos do reajuste.

“Por mais que eu não seja o dono do caminhão, sinto reflexo na minha comissão. As viagens mais rentáveis que a gente fazia, para Mato Grosso e Rondônia, com R$ 30 mil o frete, já não compensam mais”, explica Helder Lisboa Junior, de 38 anos.

Ele diz que o valor dos combustíveis acaba ‘substituindo’ o valor que era investido em pneu, pedágios e alimentação, por exemplo. “No final da linha, todo mundo vai sentir no prato”. Morador de Santos, ele considera a profissão em que atua há cerca de 20 anos “ingrata e sofrida”. “Ainda é possível viver, porém mais para frente eu já não sei”.




Fonte: A Tribuna

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