A Usina Hidrelétrica de Itatinga, localizada em Bertioga, poderá ter gestão privada. A Autoridade Portuária de Santos (APS) estuda uma parceria público-privada (PPP) para investimentos em infraestrutura e modernização da usina para geração de energia elétrica, além de exploração turística. Ontem, a equipe de A Tribuna visitou as instalações da hidrelétrica que produz 15 megawatts por hora de energia elétrica, abastecendo a sede administrativa do Porto de Santos e dez terminais arrendatários.
Em entrevista, o presidente da APS, Anderson Pomini, afirmou que o próximo passo será a publicação de um chamamento público. “Nós publicaremos um chamamento para empresários interessados em investir na geração de energia e troca dos fios de alta tensão, e também na exploração turística da usina”.
Pomini disse que a expectativa é que empresários “apresentem as suas propostas e, em parceria público-privada com a autoridade pública, façam os investimentos adequados para que a usina possa gerar energia de forma adequada para todo o Porto. Aquela usina tem potencial para abastecer as fontes energéticas das cidades de Bertioga, Guarujá e, a depender do investimento que for feito, ainda mais. Isso sem falar do potencial turístico. É uma cidade”.
No entanto, a data de publicação do chamamento público ainda não foi definida. “Nós faremos um chamamento amplo. Vamos analisar a empresa que se interessar em investir na melhor geração de energia e ao mesmo tempo na exploração do ponto turístico e a melhor proposta apresentada de acordo com os interesses da autoridade portuária será selecionada”.
Perguntado sobre o modelo de gestão privada que será licitado, o presidente da APS disse que será elaborado conforme as propostas a serem apresentadas por interessados, inclusive, o tempo de duração do contrato. Pomini explicou que o modelo e o tempo de concessão ainda serão estudados, bem como a definição se um mesmo operador assumirá a gestão da usina e os investimentos em infraestrutura e a exploração turística do local.
“Em princípio, nós ainda não sabemos o modelo, mas o caminho é para uma parceria público-privada. O público entraria com o patrimônio que é a própria usina em funcionamento, exigindo apenas obras de infraestrutura. E o patrimônio histórico e cultural, com as casas, com as estruturas que estão ali que poderão ser exploradas para fins turísticos”.
Pomini defende que a gestão da hidrelétrica seja repassada à iniciativa privada. “Há 113 anos, a usina se justificava. Foi pensando nisso que o Guinle (Eduardo P. Guinle, um dos sócios da Companhia Docas de Santos) e os engenheiros que projetaram o Porto, foram a 35 km de distância e construíram a usina. Mas, hoje, não se justifica mais que essa estrutura continue sob a administração do porto”.
Contudo, Pomini esclareceu que privatizar a usina não está nos planos da APS. “Não se fala em possibilidade de venda dessa área, mas sim de parceria público-privada, para que a gente faça uma exploração adequada tanto para geração de energia quanto para exploração turística”.
Produção
Segundo o presidente da APS, a Usina de Itatinga vende energia a mais de 40 clientes, o que representa receita média mensal de R$ 2,8 milhões. A despesa média mensal é de R$ 2,4 milhões. "Portanto, a usina é superavitária. Isso sem contar que economizamos R$ 800 mil por mês em energia ao utilizarmos o que nos chega via usina".
O técnico portuário Rodolfo dos Santos Neto explicou como a usina funciona. “A água é captada no Rio Itatinga e desviada para uma represa que abastece a usina. A hidrelétrica recebe 600 litros de água por segundo em cada um dos cinco geradores que possui, produzindo 15 megawatts de energia por hora. A energia é fornecida para o Porto de Santos, abastecendo 99% da sede administrativa da Autoridade Portuária e usuários, outros 35% abastecem cerca de 10 terminais arrendatários, na Margem Direita”.
Histórico
Em 1903, a antiga Companhia Docas de Santos (CDS) adquiriu a Fazenda Pelaes, na Serra do Mar, em Bertioga. Três anos depois, iniciou a construção da Usina de Itatinga, que foi inaugurada em 10 de outubro de 1910. A hidrelétrica foi projetada pelo engenheiro Guilherme Benjamin Weinschenck.
Fonte: A Tribuna
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